#1
Deixa
Deixa eu amar
Deixa eu me sentir frágil
Despedaçada, consumida, dramática
Deixa eu sentir como se não fosse mais aguentar
Deixa eu me desesperar
E chorar, andar, gritar
Deixa eu ser vulnerável e inocente
E olhar com olhos incrédulos para a falta de amor
Deixa eu amar assim mesmo
#2
A companhia era limitada
Mas o peixe vive
Respirando com cuidado
#3
Te amo
Te chamo
E não vens
Respiro
Suspiro
Ai meu bem, vem
Tudo o que quiseres é meu
Tudo o que me deres é teu
Acaba logo com essa desesperança
Vem me ver
Que eu quero viver contigo
Deixa de lado o que te amansa e te lança
Me alcança
Por favor
Meu bem, meu amigo
Vem
#4
Hoje o dia começou pequeno, um pouco apertado.
Acordei e ele brincou comigo, afrouxando o incômodo.
Aí a maré foi subindo, subindo e levou o dia embora, sem que o café tivesse feito efeito.
Ainda tentei disfarçar, fazendo cara de quem está pensando um pensamento bem gostoso.
Mas não é fácil carregar uma fantasia assim tão pesada.
Cái no chão sem fazer barulho.
Minha maquiagem não é à prova d´água.
O sufoco ficou estampado em meu rosto.
As horas foram passando e o dia se esqueceu de voltar.
Então, antes que a fogueira se apagasse, recolhi a última brasa com cuidado.
Daí ficou escuro.
Daí ficou frio.
Agora estou sentada aqui comigo.
Pensando na próxima música que vou cantar.
#5
Quando foi que acreditei que ia ser fácil?
O feito foi feito e bem feito
Não adianta mudar o ângulo ou ajustar o foco
Mesmo que tudo seja racionalizado e categorizado
Descoberto, revelado e exposto
O feito ainda é feito
E com direito
Se acusado e sentenciado
Ou talvez aceito e perdoado
Mesmo que distanciado ou esquecido
Ainda que aprendido
Nem se perseguido, vingado e morto
O feito está feito
E dói
E dói
#6
Ai
Ai
Ai
Ai
Ai
Ai
#7
Era pavor
Virou vapor
Evapora meu amor!
#8
Quero amar como os velhinhos
Com saudade